Para os Estados Unidos socialistas da Europa, das Ilhas Britânicas à Turquia, da Grécia à Rússia

Nestes últimos meses, os trabalhadores assistiram um espetáculo paradoxal de governos burgueses na Europa central e na Turquia que, com o pretexto de defender a democracia, atacaram direitos democráticos fundamentais.

O pretexto do governo AKP é o de um golpe de Estado – que foi abortado – de uma parte minoritária do exército turco, fomentado por um antigo aliado islamista que se tornou seu rival, o movimento de Gülem. Desde então o governo prendeu, demitiu, pôs na prisão milhares de militantes operários, sindicalistas, curdos, jornalistas, professores…

O presidente Erdoðan lançou um referendum (previsto para 16 de abril) para legitimar seu próprio golpe de Estado islâmico e ele, de maneira ridícula, chamou a chancelar alemã A. Merkel de “nazista” com o objetivo de exacerbar o nacionalismo turco.

A alegação do governo alemão (CDU-SDP), do governo neerlandês (WD-PVDA) e do governo austríaco (SPÖ-ÖVP) é a de que o governo turco “exporta à Europa a campanha do referendum” através do qual ele tenta tornar-se um autocrata em seu país. Na realidade, estas coalições entre socio-democratas e partidos clericais cristãos, fazem concessões aos movimentos em processo de fascistização e xenófobos de seu próprio país: AfD na Alemanha, PW nos Países Baixos (Holanda), FPÖ na Áustria. Na mesma corrente, o Partido Trabalhista se aliou ao Brexit obtido pelo UKIP e conduzido pelo governo conservador, o governo francês PS regressa (aos seus países) milhares de migrantes cada ano sob a pressão da FN (Frente nacional) et do LR (Os Republicanos).

Em 1999 a União Europeia classifica a Turquia como possível Estado membro em sua totalidade. Em 2004, no contexto de sua “guerra anti-terrorista”, o governo Bush apoia abertamente as tendências clericais “moderadas” da Turquia. Mesmo que a Turquia continua sendo um “país terceiro associado” à União Europeia, os desacordos entre ela e os imperialismos europeus e americanos agravaram – se com a correr do tempo.

De fato, as revoluções da Tunísia e do Egito (2010-2011) modificaram a situação. A derrota dos Irmãos muçulmanos nesses dois países –copiando o “modelo turco” de estabilização islâmica do capitalismo– provocou tensões importantes nas classes burguesas e na pequena burguesia turca e dentro do antigo bloco AKP-Hizmet. Erdoðan e seu clã tomaram apoio em “O Estado profundo” (exército, polícia política, magistratura) e se tornaram cépticos com relação a suas chances de ficar sob o comando do país por meios democráticos.

Devido ao plano inicial das potências imperialistas ocidentais que era de retirar do poder o regime de Assad, elas toleraram a ajuda de Erdoðan aos djihadistas de todo tipo, na Síria, em 2012, também a repressão do movimento da praça Taksim em Istambul em 2013, e ainda a retomada da guerra contra os curdos a leste do país em 2015. Em 2014, a União Europeia negociou um acordo com o Estado turco contra uma liberdade elementar: o direito que é dado aos refugiados de fugir para a Grécia em direção a lugares mais seguros, como o oeste e o norte da Europa.

Trump, Merkel, May e Hollande estão preocupados sobretudo pelo fato de Erdoðan ter-se aliado com Putin e pelos enfrentamentos que ocorram com suas milícias supletivas (militares recrutados temporariamente) na Síria. As recentes lágrimas de crocodilo com relação à “falta de democracia” na Turquia só são, portanto, hipocrisia. Onde estão as sanções contra os governos como o de Orban na Hungria ou o de PiS na Polônia? Onde estão as proibições de entrada quando Le Pen (FN) se dirige na Austria às agrupações políticas do FPÖ ou quando Srache (FPÖ) fala na Alemanha dirigindo– se aos da AfD? Enquanto as organizações nacionalistas curdas ou stalino-maoistas são postas – seja pela União Europeia, seja pelos EEUU – em suas listas de “organizações terroristas”, os fascistas “Lobos cinzentos” do MHP se vêem autorizados a estender sua rede na América do Norte e em toda a Europa. Nós apostamos no fato de que as medidas restritivas contra a AKP servirão contra o HDP e contra as organizações operárias que tentarão esprimir –se em contra do regime islâmico.

Há vários anos sob o impacto da última crise capitalista mundial e da crise política de dominação burguesa, as liberdades democráticas se encontram reduzidas a través da América do Norte e da Europa, e os serviços secretos, a polícia e o exército são reforçados. A divisão da classe operária pela propaganda xenófoba e a desconfiança que recebem as minorias, aumentam (é o caso dos paquistaneses e poloneses na Grã-Bretanha; dos judeus, dos Roms – povos ciganos –, dos árabes, dos turcos e dos muçulmanos do oeste e leste da Europa; também dos ateus, dos curdos e dos “alevis” na Turquia…). Na verdade, as medidas dos governos “democráticos” que são tomados para establecer a ordem na população de origem imigrante constituem ataques contra o direito de todos os trabalhadores à liberdade de expressão, de reunião e de manifestação.

Erdoðan não será impedido de circular nos países imperialistas da Europa: ele o será devido à luta de classe das massas curdas e turcas da Turquia e da emigração. As organizações operárias de massa (partidos e sindicatos), devem romper com o chovinismo e combater as medidas reacionárias. Apesar de numerosas disciminações (mulheres / homens estrangeiros / nacionais…), os trabalhadores de toda a Europa devem se unir para defender seus direitos e para conquistar novos direitos. O melhor meio de parar a reação na Turquia e no oesteda Europe é preservar e ampliar os direitos democráticos dos trabalhadores, é permitir que eles exprimam sua desconfiança e sua resistência aos governos burgueses, e aos movimentos xenóphobos e fascistoides.

Nosso principal inimigo está em nosso país. Para erradicar o fascismo e o clericalismo, a vanguarda dos trabalhadores deve construir uma internacional revoluciónaria para derrocar o capitalismo, como o partido Bolchevique e a Internacional Comunista tinham começado a fazer antes da contra-revolução de Stalin.

Ruptura com a OTAN! Parar com as intervenções militares dos Estados Unidos de Grã-Bretanha, da França, do Canadá, da Rússia, da Turquia, do Irã, da Arábia Saudita na Síria, no Iraque e no Iêmen.

Liberdade de circulação dos refugiados, dos estudantes e dos trabalhadores! Abolição de todas as medidas xenófobas!

As organizações operárias devem formar uma frente única contra a propaganda racista, contra a polícia e as bandas islâmicas ou fascistas!

Não a todas as leis que põem travas à liberdade religiosa ! Separação completa do Estado e da religião! Nenhuma subvenção pública a um clero ou a instituições clericais! Igualdade total de mulheres e de homens!

Governo de trabalhadores em cada país! Estados Unidos Socialistas da Europa! Comunismo mundial!

19 de março de 2017

Coletivo Revoluç

Patronsuz Dünya / Turquia
Tendência Marxista-Leninista / Brasil